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Yevgeny Prigozhin está morto – Rússia confirma

27 de agosto de 2023

Testes de DNA identificaram oligarca russo de 62 anos e demais passageiros da Embraer Legacy. Líder se tornara desafeto de Putin desde tentativa de motim classificada como "traição". Kremlin nega envolvimento nas mortes.

Bandeira da Rússia e flores em memorial informal a Yevgeny Prigozhin
Memorial informal a Prigozhin numa rua de MoscouFoto: Alexander Zemlianichenko/AP/picture alliance

Após quatro dias de suspense, Moscou confirmou oficialmente neste domingo (27/08) que o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, sucumbiu a uma queda de avião. Segundo a agência de notícias estatal TASS, o Comitê Investigativo das Rússia (SKR) teria identificado, com base numa "análise molecular-genética", não só o oligarca de 62 anos, como as demais nove vítimas.

Dúvidas e especulações têm cercado o desastre cerca de 100 quilômetros ao norte de Moscou, sobretudo por o antigo aliado ter caído em desgraça com o presidente Vladimir Putin desde uma tentativa de motim em junho último. O Kremlin rechaça, como "absoluta mentira" qualquer sugestão de que estivesse envolvido na queda da aeronave da Embraer.

Na noite da quarta-feira, a agência RIA Novosti informou que um avião de propriedade do chefe do Grupo Wagner caíra em Kuzhenkino, na região de Tver, matando todos seus dez ocupantes. Foram resgatados corpos carbonizados, cuja identificação definitiva só seria possível através de testes de DNA.

Além de Prigozhin, da lista de passageiros constavam seu vice, Dmitri Utkin, além de Sergei Propustin, Yevgeny Makaryan, Alexander Totmin, Valery Chekalov e Nikolai Matuseyev. Os tripulantes foram identificados como capitão Alexei Levshin, copiloto Rustam Karimov e comissária de bordo Kristina Raspopova.

Autoridades de aviação da Rússia informaram que, antes da queda, a aeronave do tipo Embraer Legacy, registrada no nome de uma das companhias de Prigozhin, estava voando há menos de meia hora, na rota entre a capital e São Petersburgo.

Resgate dos corpos carbonizados em Tver transcorreu rapidamenteFoto: Dmitry Lebedev/Kommersant Photo/REUTERS

Acidente ou ato de retaliação?

A causa da queda continua não esclarecida. Sob a responsabilidade do governador de Tver, Igor Rudenya, a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) iniciou uma investigação do desastre, sob o Artigo 263 do Código Penal, que governa a segurança do tráfego e as operações do transporte aéreo russo.

Participantes do canal do Telegram "Grey Zone", ligado ao Grupo Wagner, afirmaram que o jato foi abatido pelas Forças Armadas russas – sem fornecer dados que confirmem a alegação. Um segundo avião comercial de propriedade de Prigozhin teria aterrissado em segurança na região de Moscou.

A mesma fonte postou vídeos em que um avião tomba como uma pedra, de uma grande nuvem de fumaça, girando descontroladamente e sem uma das asas. Segundo a agência de notícias AP, trata-se de uma queda livre típica de uma aeronave seriamente danificada. A comparação de dois vídeos, quadro a quadro, também confirmaria a ocorrência de uma explosão em pleno voo.

Os adeptos do oligarca não eram os únicos a suspeitar de um assassinato por vingança. Além de diversos analistas e observadores, o próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comentou, após as primeiras notícias: "Não sei o que aconteceu, mas não estou surpreso. Não há muito que aconteça na Rússia sem Putin saber."

Quem foi Yevgeny Prigozhin?

Nascido em 1961 em São Petersburgo, o oligarca Yevgeny Prigozhin fundou o Grupo Wagner em 2014, registrando-o como "companhia militar particular" (forças mercenárias são tecnicamente ilegais na Rússia).

Quando o presidente russo ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a milícia, notória por sua brutalidade, lutou ao lado do Exército russo regular, chegando a capturar a cidade de Bakhmut. Em 23 de junho de 2023, contudo, frustrado com a liderança militar, que classificava como ineficaz, Prigozhin encenou um motim, mobilizando suas tropas para entrarem em Moscou numa "marcha pela justiça".

Em seguida a negociações, a operação foi suspensa poucas horas mais tarde. Apesar de Putin classificá-la como "traição" e "facada nas costas" e prometer punir os perpetradores, o Kremlin concedeu impunidade ao oligarca, sob a condição de que emigrasse para Belarus. Desde então, contudo, especula-se até que ponto a ira do presidente russo estava realmente apaziguada.

Apesar do banimento, no fim de julho Prigozhin apresentou-se na cúpula para a África em São Petersburgo, acompanhado por um representante da República Centro-Africana. Em 21 de agosto, canais do Telegram ligados ao Grupo Wagner divulgaram um vídeo em que o líder mercenário sugeria estar na África para torná-la "ainda mais livre" – e a Rússia "ainda maior em todos os continentes" –, e convocava recrutas para a luta.

av (AFP,AP,Reuters,DPA,ots)

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