YouTube completa dez anos, distante do ideal dos fundadores
Johanna Zuber (av)14 de fevereiro de 2015
De escritório sobre uma pizzaria na Califórnia, o vídeoportal é hoje uma bilionária subsidiária da Google. Sob o signo de cliques e comercialização, pouco resta do idealismo inicial. Ainda sobra espaço para criatividade?
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Há exatamente dez anos, entrou online o YouTube, hoje um fenômeno de massa. Os americanos Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim fundaram a plataforma na Califórnia, com a intenção de tornar os vídeos de cineastas amadores mais acessíveis a todos.
O primeiro filme postado era uma breve, tremida sequência de elefantes no jardim zoológico de San Diego, EUA. Estava estabelecida uma tendência: desde então um enorme público clica sem parar os pandas que espirram, papagaios dançantes e gatos falantes do YouTube.
Mas o topo da lista dos mais assistidos cabe aos vídeoclips de música. E quanto mais excêntrico melhor: mais de 2 bilhões de espectadores já assistiram, por exemplo, a Gangnam Style, do sul-coreano Psy.
Substituto da televisão
Hoje, o YouTube é tudo aquilo que os jovens dos anos 90 buscavam nos chats, revistas para adolescentes e emissoras de música: conselhos, entretenimento, canais para discussão. Jovens videastas como o alemão Florian Mundt atraem a atenção abordando temas supostamente quotidianos, de igual para igual. Sob o nome artístico LeFloid, aliás, Mundt conta com 2 milhões de seguidores, a maioria na faixa etária dos 13 aos 25 anos.
A atual pesquisa JIM (Juventude, Informação, (Multi)Mídia), da Associação de Pedagogia da Mídia Sudoeste (MPFS, na sigla em alemão) confirma que 75% dos infonautas entre 12 e 19 anos de idade utilizam vídeoportais pelos menos algumas vezes por semana.
Depois da internet e do telefone celular, a televisão aparece em terceiro lugar, na preferência dos entrevistados: o YouTube simplesmente tomou o seu lugar, entre o público jovem. Segundo Le Floid, em entrevista ao site Vice.com, isso se deve ao fato de, ao contrário da TV, o vídeoportal não ser "um meio de comunicação chato, de mão única".
Entre hobby e comércio
Se atualmente o YouTube é um negócio bilionário, a multinacional Google já farejou esse potencial 19 meses após o portal de compartilhamento de vídeos ser lançado, e o comprou por 1,65 bilhão de dólares. A Google não revela quanto lucra com o YouTube, mas especialistas estimam que em 2014 o site faturou 1,13 bilhão de dólares com publicidade.
Tais rendimentos permitem que os grandes artistas do YouTube ganhem a vida, E, como quanto maior o alcance do vídeo, mais recebem, empresas de marketing como a Mediakraft fecham contratos com eles, a fim de aumentar o número de cliques – e, é claro, se beneficiarem do sucesso dos videastas.
Esse processo de comercialização colocou a Mediakraft na mira dos críticos, nos últimos meses, levando alguns de seus representados a rescindirem contrato. "Estão acontecendo muitas mudanças", comenta Nilam Farooq, aliás Daaruum, uma das mais populares artistas alemãs do YouTube.
Longe da ideia de fundação
Fundado num escritório em cima de uma pizzaria, na Califórnia, hoje o YouTube é uma verdadeira manufatura. Aqui se criam astros, escolhidos democraticamente pelo gosto dos usuários. Justin Bieber e Lana Del Rey se filmaram para a plataforma, antes de se tornarem famosos.
Até agora, tais histórias de sucesso glamuroso não aconteceram entre os artistas alemãs do vídeoportal. Pelo contrário: os jovens fãs querem ídolos que, ao mesmo tempo, possam ser o amigão do lado.
Esse é o caso de LeFloid: visíveis atrás dele estão suas modestas quatro paredes, tipicamente estudantis. De boné torto na cabeça, as olheiras são o testemunho de noites em claro, editando seus vídeos no computador.
O jovem alemão é a própria imagem do videasta amador que os três americanos tinham em mente, ao lançar o site, em 14 de fevereiro de 2005. E, no entanto, ele parece, ao mesmo tempo, a antítese absoluta do império bilionário em que o YouTube se transformou, em meros dez anos de história.
A semana em imagens (9 a 15 de fevereiro de 2015)
Relembre, em imagens, os acontecimentos que marcaram o noticiário internacional desta semana.
Foto: Reuters/K. Lamarque
Dresden lembra 70 anos de bombardeio
Cerimônia em recordação do bombardeio que destruiu Dresden há 70 anos reuniu na igreja Frauenkirche cerca de 1.400 convidados, entre eles, políticos e sobreviventes da Segunda Guerra Mundial. O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, sublinhou a necessidade de que, ao se homenagear as vítimas alemãs, tampouco se esqueçam as vítimas do conflito provocado pela Alemanha. (13.02.2015)
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Dilma recebe Steinmeier
O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, encerrou sua visita ao Brasil, marcada por um encontro com a presidente Dilma Rousseff; o avanço no estabelecimento de um diálogo bilateral de alto nível; e pela assinatura de um entendimento visando a facilitar a concessão de vistos de trabalho a jovens brasileiros e alemães. (13.02.2015)
Foto: Reuters/U. Marcelino
Presidente da Argentina é indiciada
O promotor Gerardo Pollicita, que substituiu Alberto Nisman nas investigações do atentado à Associação Mútua Israelense-Argentina (Amia) em 1994, indiciou a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, por suposto acobertamento dos autores do ataque. (13.02.2015)
Foto: Reuters/E. Marcarian
Acordo sobre cessar-fogo na Ucrânia
Após quase 17 horas de negociações em Minsk, os presidentes da Ucrânia, Petro Poroshenko, da Rússia, Vladimir Putin, o chefe de Estado francês, François Hollande e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, fecharam um acordo sobre um roteiro de paz para o conflito ucraniano. O cessar-fogo em Donetsk e Lugansk está previsto a partir da 0h de domingo, 15 de fevereiro de 2015. (12.02.2015)
Foto: Reuters/Grigory Dukor
Extradição de Pizzolato
O máximo tribunal da Itália decidiu pela extradição de Henrique Pizzolato ao Brasil. O ex-diretor do Banco do Brasil foi condenado a mais de 12 anos de prisão no escândalo do Mensalão. Pizzolato se entregou à polícia local, encerrando fuga de mais de um ano. (12.02.2015)
Foto: Antonio Cruz/ABr
Schettino condenado a 16 anos de prisão
O capitão Francesco Schettino, de 54 anos, foi condenado a 16 anos de prisão, por sua participação no naufrágio do navio Costa Concordia, que deixou 32 pessoas mortas em janeiro de 2012. Schettino era acusado de homicídio culposo, de provocar um naufrágio e de abandonar o navio acidentado. (11.02.2015)
Foto: AFP/Getty Images/G. Cacace
Obama pede autorização para combater EI
A coligação liderada pelos EUA para combater o "Estado Islâmico" no Iraque e na Síria está "na ofensiva" e vencerá, disse o presidente Barack Obama, que solicitou ao Congresso autorização para ações militares. Ele falou na Casa Branca, ao lado do vice-presidente, Joe Biden, e dos secretários de Estado, John Kerry, e da Defesa, Chuck Hage. (11.02.2015)
Foto: picture-alliance/epa/M. Reynolds
Último adeus a Weizsäcker
Na Catedral de Berlim, cerca de 1.400 pessoas, entre elas políticos do alto escalão, prestam as últimas homenagens ao ex-presidente alemão Richard von Weizsäcker, morto no último dia 31 de janeiro, aos 94 anos. Weizsäcker foi presidente de 1984 a 1994. Na cerimônia, o atual presidente da Alemanha, Joachim Gauck, afirmou que Weizsäcker foi um chefe de Estado excepcional. (11.02.2015)
Foto: Reuters/M. Schreiber
ONU: 300 morreram em travessia do Mediterrâneo
Mais de 300 pessoas que tentavam cruzar o Mar Mediterrâneo rumo à Europa morreram nesta semana. Imigrantes africanos estavam em quatro botes de borracha que deixaram a costa da Líbia e enfrentaram chuva, vento e frio. Cada um dos botes transportava pouco mais de cem pessoas, expostas ao frio e à chuva. Uma embarcação com cem pessoas continua desaparecida. (11.02.2015)
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Buccarello
Obama confirma morte de refém americana
Kayla Mueller, de 26 anos, era voluntária da ajuda humanitária e foi raptada pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) em 2013 na Síria. Segundo o EI, ela morreu quando prédio em que estava foi bombardeado por aviões da Jordânia. A confirmação da morte da jovem foi dada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, que não revelou detalhes sobre o incidente. (10.02.2015)
Foto: AP Photo/The Daily Courier, Jo. L. Keener
Putin vai apoiar construção de usina no Egito
Em visita ao Cairo, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que Moscou pretende apoiar a construção da primeira usina nuclear do Egito. Os dois países já mantêm desde 2001 um acordo de cooperação para utilização pacífica da energia atômica. Rússia e Egito também planejam colaborar no combate ao terrorismo. (10.02.2015)
Foto: Reuters/A. Waguih
Nevasca paralisa Boston
Uma forte tempestade atingiu o nordeste dos EUA. Boston foi a cidade mais afetada na região, com 60 centímetros de neve acumulada. A nevasca paralisou o município, que suspendeu o transporte público e as aulas. Centenas de voos foram cancelados na região de Nova Inglaterra – que abriga os estados do Maine, Massachusetts, New Hampshire, Vermont, Rhode Island e Connecticut. (10.02.2015)
Foto: Reuters/Brian Snyder
HSBC ajudou clientes a sonegar
Segundo investigação batizada de Swissleaks, a filial suíça do banco favoreceu clientes em mais de 200 países. A instituição alega ter realizado uma transformação radical nos últimos anos para evitar evasão fiscal. (09.02.2015)
Foto: picture-alliance/dpa
Merkel na Casa Branca
Em reunião com Barack Obama, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, levou um plano que defende a diplomacia como solução para o conflito no leste ucraniano. A Alemanha e a França se opõem à proposta de Washington de fornecer armas a Kiev. (09.02.2015)