Chineses são responsáveis por mais de 90% do comércio internacional da Coreia do Norte e têm uma influência incomparável sobre o país vizinho. Minérios e roupas estão entre os produtos mais comprados.
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A Coreia do Norte sempre foi economicamente dependente da China, mas, nos últimos anos, com o seu crescente isolamento internacional por causa dos testes nucleares, essa dependência se tornou quase total. Os chineses não são só os principais aliados políticos dos norte-coreanos: eles são também os maiores fornecedores de energia e comida para o país vizinho.
Em 2016, o comércio da Coreia do Norte com outros países totalizou cerca de 6 bilhões de dólares. Desse valor, cerca de 5,5 bilhões (ou 91,5%) correspondem às trocas comerciais com a China. O próximo país na lista do comércio internacional norte-coreano é a Índia, com 140 milhões de dólares, seguida da Rússia, com 76 milhões.
Só em têxteis, a China comprou da Coreia do Norte, em 2014, produtos no valor de 800 milhões de dólares. A mão de obra barata da Coreia do Norte, bem como os recursos naturais do país, parecem despertar especial interesse nos chineses. Há cerca de 200 empresas chinesas na Coreia do Norte, muitas delas no setores de mineração, agricultura e madeira, além da produção de roupas.
Oficialmente, a China tem apoiado todas as sanções impostas pelas Nações Unidas desde 2006, quando a Coreia do Norte fez seus primeiros testes nucleares. Mesmo assim, o comércio entre os dois países nunca parou de crescer. Ele passou de 1,7 bilhão de dólares em 2006 para os cerca de 6 bilhões atuais. No primeiro trimestre de 2017 subiu 37,4%, segundo Pequim.
Em parte, a dependência da China se explica também pelo forte recuo no comércio entre as Coreias a partir de 2010. Ele foi causado pelas chamadas "sanções de 24 de maio", impostas pela Coreia do Sul ao vizinho do norte depois do afundamento da corveta Cheonan, o que causou a morte de 46 marinheiros. Pyongyang nega envolvimento.
Mesmo que os números indiquem o contrário, no início de 2017 a China aparentemente começou a endurecer sua posição. Em fevereiro, suspendeu até o fim do ano as compras de carvão da Coreia do Norte. No início de abril mandou de volta para a Coreia do Norte todos os navios carregados com carvão que ainda estavam nos portos chineses.
Nos últimos dias, uma forte alta no preço da gasolina nos postos de combustível norte-coreanos gerou rumores de que a China possa cortar as exportações de petróleo, como noticiou a agência de notícias AP, a única a ter um jornalista credenciado em Pyongyang. De fato, o jornal chinês Global Times, ligado ao Partido Comunista, alertou recentemente que, se a Coreia do Norte fizer um novo teste nuclear, o governo chinês apoiará sanções ainda mais duras, incluindo um embargo de petróleo.
A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.
Na fronteira entre China e Coreia do Norte
De um lado do rio está a China, na outra margem, a Coreia do Norte. O que tradicionalmente é uma atração turística também deveria vivenciar um boom econômico. Mas esse não é o caso.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Uma ponte para lugar nenhum
Uma antiga ponte sobre o rio Yalu é uma das atrações turísticas da cidade fronteiriça chinesa de Dandong. A construção foi bombardeada e destruída pelos americanos durante a Guerra da Coreia. Os restos foram retirados no lado coreano, mas mantidos como memorial na margem chinesa. A pouco metros dali se encontra a chamada Ponte da Amizade, com movimentado tráfego transfronteiriço de mercadorias.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Passeio com fim abrupto
A parte chinesa da ponte destruída sobre o rio Yalu é aberta ao público. Em 2015, outra ligação foi erguida sobre o rio. A construção de 350 milhões de dólares foi financiada completamente pela China, levando apenas três anos de obras. Mas, até hoje, ela não pôde ser usada corretamente, já que a ponte termina no lado coreano em terras agrícolas sem ligações com estradas.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Grandes planos e dura realidade
No lado norte-coreano do Yalu, encontra-se a cidade de Sinuiju. Ali vivem quase 400 mil pessoas. A cidade é um importante ponto de cruzamento. Além da Ponte da Amizade sino-coreana, Sinuiju possui um porto próprio há mais de cem anos. E, agora, estão sendo construídas uma autoestrada e uma ligação ferroviária para Pyongyang. Isso vai facilitar consideravelmente a logística do tráfego fronteiriço.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Excursão à Coreia do Norte
Para os turistas do lado chinês, um rápido olhar sobre o cotidiano na Coreia do Norte e seus cidadãos é particularmente emocionante. Esta foto tirada no final de março em Sinuiju evidencia os instrumentos de trabalho dos agricultores norte-coreanos.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Visão mais de perto
Este chinês ganha uns trocados adicionais: por alguns yuans, ele permite que turistas olhem através de suas lunetas. Assim, a Coreia do Norte parece estar a poucos passos de distância.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Suvenires e arame farpado
Quer comprar uma lembrancinha da excursão à fronteira norte-coreana? Comerciantes chineses oferecem as suas mercadorias, com direito a vista para a Coreia do Norte.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Gostinho norte-coreano também no cardápio
A influência norte-coreana na cidade fronteiriça de Dandong pode ser percebida por toda parte. Ali, para fins de prestígio, a Coreia do Norte opera, entre outros, diversos restaurantes. Essa também é uma das formas de se obter divisas para os cofres do regime em Pyongyang.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Relações arrefecidas
Desde o quarto teste nuclear em janeiro de 2016, as relações entre a Coreia do Norte e seu grande aliado China pioraram visivelmente. Posteriormente, ao contrário de vezes passadas, Pequim apoiou o novo endurecimento de sanções existentes da ONU. Em resposta a outro teste de míssil norte-coreano, os chineses suspenderam, em fevereiro, as importações de carvão do país vizinho.
Foto: Reuters/D. Sagolj
Motor econômico engasgado
Na realidade, China e Coreia do Norte pretendiam expandir consideravelmente as relações econômicas na região de fronteira. Mas, atualmente, isso é pouco evidente. Embora esses apartamentos de luxo estejam prontos em Dandong, podem-se ver muitos prédios inacabados na cidade. E a planejada zona econômica especial até hoje não foi inaugurada.