Zeitgeist: A mítica dos "primeiros cem dias" nos EUA
2 de março de 2017Desde 1933, quando o então presidente Franklin D. Roosevelt criou a expressão "Os primeiros cem dias", presidentes dos Estados Unidos costumam ser avaliados pelas suas conquistas e realizações nesse período, como se houvesse um fantasma pesando sobre todos eles.
O período é visto como uma oportunidade única, uma fase em que a boa vontade com o novo presidente, recém-eleito, é elevada entre a população e os congressistas, e a disposição e determinação do mandatário, ainda novo no cargo, estão no auge.
Apesar da popularidade da expressão e do seu uso corriqueiro até hoje, não há nenhuma evidência científica ou estatística para embasar a escolha do número 100. A prática também mostra que não há nenhuma garantia de que bons primeiros cem dias resultem em um bom governo, ou vice-versa.
No caso de Roosevelt, o período foi marcado por uma série de medidas econômicas para tentar reverter os efeitos da profunda depressão de 1929. No seu conjunto, elas ficaram conhecidas como o New Deal e de fato se tornaram um modelo de realização presidencial no período.
Ainda assim, comparações com Roosevelt são um tanto injustas com os demais presidentes, já que ele era obrigado a agir de forma enérgica por causa da crise econômica de proporções gigantescas. Além disso, a tramitação das leis era mais rápida na época, e Roosevelt ainda tinha uma ampla maioria no Congresso. Como resultado de tudo isso, nenhum dos sucessores dele teve o mesmo êxito na aprovação de leis.
E o número de leis aprovadas não é o único parâmetro de sucesso dos primeiros cem dias, já que o impacto delas sobre a sociedade também tem um peso. A situação de crise econômica de 1933 fez com que as medidas de Roosevelt tivessem um impacto elevado.
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