Imperador do Japão era visto como uma divindade até o fim da Segunda Guerra. Constituição não prevê abdicação, e apenas homens podem ascender ao trono. Conheça a monarquia japonesa na coluna desta semana.
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O imperador Akihito do Japão é o 125º representante da mais antiga monarquia hereditária do mundo. As origens do Trono do Crisântemo, como a casa imperial japonesa é conhecida, remontam ao ano 660 a.C., quando ela teria sido fundada pelo mítico imperador Jimmu.
Os registros históricos, porém, começam só no século 4, durante o reinado do imperador Ōjin.
Até a Segunda Guerra Mundial, o imperador era considerado um deus no Japão. Hirohito, o pai de Akihito, renunciou à sua condição divina no fim do conflito, como parte da rendição japonesa.
A nova Constituição do país, imposta pelos Aliados, diz que o imperador é um "símbolo do Estado e da unidade do povo", mas não dispõe de qualquer poder político. A Constituição também não prevê a abdicação. A regra é uma herança da Constituição anterior à Segunda Guerra, que descartava a renúncia por considerar que ela oferece riscos à estabilidade política.
Akihito ascendeu ao trono em 1989, com a morte de Hirohito. No Japão, apenas homens podem se tornar imperadores, sendo que o mais velho é o primeiro na linha de sucessão. Irmãos e filhos destes também integram a linha sucessória.
Akihito, que nasceu em 23 de dezembro de 1933, é o quinto filho de Hirohito e da imperatriz Nagako e o primeiro homem. Ele é o primeiro imperador japonês a se casar com uma plebeia, a imperatriz Michiko. O namoro entre os dois ficou famoso na imprensa japonesa porque eles se conheceram quando jogavam tênis.
Akihito e Michiko têm três filhos, sendo que o mais velho, Naruhito, é o herdeiro do trono. De forma pouco usual, Naruhito não se furta a fazer comentários políticos, alertando que o Japão não deve minimizar suas tendências militaristas do início do século 20 nem sua responsabilidade pela Segunda Guerra Mundial.
Naruhito é o primeiro príncipe a crescer com os pais e irmãos, já que a tradição manda que as crianças da família imperial sejam educadas por preceptores. Também ele se casou com uma plebeia, Masako Owada, oriunda de uma família de diplomatas.
O nascimento da primeira filha do casal, Aiko, em 2001, oito anos depois do casamento, abriu o debate sobre a regra de que apenas homens podem ascender ao trono. O debate arrefeceu, porém, com o nascimento de um primo de Aiko, Hisahito, em 2006.
A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.