Defendido por Alemanha, França, Itália e outros membros ricos da União Europeia, o conceito de integração em diferentes velocidades é visto com ressalvas entre as nações do leste do bloco.
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O Brexit e as divergências na questão dos refugiados evidenciaram que nem tudo anda bem no projeto europeu e que reformas são necessárias para garantir o futuro da União Europeia (UE).
Diversas propostas elaboradas pela Comissão Europeia estão em cima da mesa para serem debatidas na próxima cúpula do bloco, em Roma, que é alusiva aos 60 anos dos Tratados de Roma.
Entre as propostas, a mais polêmica, defendida por Alemanha, França, Itália, Holanda e outras potências econômicas, é a chamada UE de diferentes velocidades. Em linhas gerais, esse modelo prevê que alguns países avancem mais rapidamente do que outros na integração, dependendo da área ou setor, como a adoção do euro, defesa e justiça.
Na prática, como argumenta a chanceler federal Angela Merkel, já é assim: nem todos os países fazem parte da zona do euro, e nem todos participam do Acordo de Schengen para livre-circulação de pessoas. Ela acrescentou que não há exclusão, já que qualquer país-membro pode decidir que ritmo pretende adotar na sua integração com os demais.
Por trás desse conceito está a ideia de que países que querem elevar sua integração não podem ser impedidos por aqueles que não a desejam. O documento preliminar a ser debatido em Roma apresenta a seguinte formulação: "Vamos agir juntos quando for possível, e em diferentes velocidades e intensidades quando for necessário". Em seguida, é feita uma ressalva: "Nossa união é indivisível e integral".
Ainda assim, o conceito não foi bem aceito por muitos países, principalmente no Leste Europeu. Líderes da Polônia, por exemplo, falam na criação de duas categorias de membros e dizem temer ser incluídos na categoria inferior. Os países do leste do bloco falam até mesmo no surgimento de numa nova Cortina de Ferro, em referência aos tempos da Guerra Fria.
"Na prática, é uma proposta para dividir a UE", afirmou o presidente do partido conservador polonês PiS, Jaroslaw Kaczynski. Já o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, defendeu a ideia. "Todos devem decidir por si mesmos como vão participar dessa cooperação reforçada. Não teremos jamais uma Europa de primeira e um de segunda liga, nem uma Europa dos grandes e outra dos pequenos países, nem uma Europa do Leste e uma do Oeste", afirmou.
A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.
As etapas da produção do euro
Em 2017, entram em circulação as novas notas de 50 euros, mais difíceis de falsificar. As cédulas passam por um longo e complicado processo, envolvendo avançada tecnologia, antes de serem distribuídas.
Foto: Giesecke & Devrient
Dinheiro de algodão
O algodão é o material básico das notas. É mais durável do que o papel convencional e mais resistente, caso as cédulas caiam, por acidente, na lavadora de roupas. Na produção do papel das cédulas, são usadas fibras curtas, rejeitadas na indústria têxtil.
Foto: tobias kromke/Fotolia
Mistura secreta
O algodão passa por um processo de branqueamento, é lavado e transformado em uma massa de papel. A composição exata da pasta é mantida em segredo. Esta máquina processa a massa, transformando-a em tiras longas de papel. Elas, então, recebem algumas das muitas características de segurança das notas, como marcas d'água e fios de segurança.
Foto: Giesecke & Devrient
Itens de segurança
As notas de euro contêm mais de dez itens de segurança, para dificultar a vida dos falsificadores. Uma delas são aplicações de filmes especiais, como as realizadas na gráfica privada alemã Giesecke & Devrient.
Foto: Giesecke & Devrient
O artista por trás na nota
Reinhold Gerstetter é responsável pelo desenho das notas de euro. O designer gráfico alemão já desenhava os rostos impressos nas últimas notas de marco alemão. As cédulas de euro trazem, em cada valor, a representação de uma época europeia. A de cinco euros mostra um arco da antiguidade; as outras, imagens representando os períodos romântico, gótico, renascentista, barroco e a era industrial.
Foto: Getty Images/AFP
Um número para cada nota
Outra etapa importante é a da numeração. Cada cédula recebe um número único. Este permite com que seja determinado exatamente o lugar da impressão. Mais de uma dezena de gráficas de alta segurança produzem as notas na Europa.
Foto: Giesecke & Devrient
Concorrência reduz custos
Antes, os Estados automaticamente empregavam sua gráfica estatal. Atualmente, o Bundesbank, o banco central da Alemanha, promove licitações entre empresas de toda a Europa. Isso garante menores custos. No ano passado, a gráfica privada alemã Giesecke & Devrient, sediada em Munique, dispensou 700 funcionários. Ela produz a custos menores em suas filiais em Leipzig e na Malásia.
Foto: Giesecke & Devrient
O custo de uma nota de 500
Empacotados, os maços de notas são enviados aos bancos centrais. Os custos de produção variam entre 7 e 16 centavos de euro – quanto maior o valor nominal, maior é o custo da produção da cédula, pois as notas são maiores e recebem recursos adicionais de segurança.
Foto: Giesecke & Devrient
Recorde de cédulas falsas
Apesar do complexo processo de impressão, criminosos ainda conseguem colocar anualmente centenas de milhares de notas falsas em circulação. Desde a introdução da moeda única europeia, em 2002, nunca tantas falsificações foram encontradas como no ano passado. O Banco Central Europeu contabilizou quase 900 mil cédulas falsas em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Nova série não terá a de 500
As novas notas de euro devem ser à prova de falsificações. A série começou em 2013, com a nota de cinco euros; em 2014 veio a de 10 e, em 2015, a de 20 euros. A de 50 euros deve entrar em circulação na primavera europeia de 2017. As novas de 100 e 200 devem ser lançadas com um ano de intervalo entre si. Uma nova nota de 500 euros, inicialmente prevista para 2019, provavelmente não será produzida.