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Zeitgeist: Batalha por Mossul se aproxima

10 de outubro de 2016

Ofensiva militar para a retomada da cidade controlada pelo "Estado Islâmico" pode durar meses e é cercada de dificuldades. Confira na coluna desta semana.

Peshmerga
Combatentes Peshmerga vão participar da batalha pela retomada de MossulFoto: Reuters/A. Jalal

Nas próximas semanas deve começar a ofensiva militar para a retomada de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque e que, desde junho de 2014, está nas mãos do grupo terrorista "Estado Islâmico". A data oficial ainda não foi divulgada. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fala em 19 de outubro. O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, diz que o início será nas próximas semanas e prevê vitória até o fim do ano.

Oficiais em Bagdá também são otimistas e preveem até que o "Estado Islâmico", fortemente enfraquecido, possa abandonar Mossul por causa da sua inferioridade numérica. Estima-se que o grupo tenha cerca de 4 mil combatentes na cidade. Mas analistas internacionais esperam uma batalha dura e sangrenta, que deverá durar vários meses.

Uma das dificuldades reside na própria constelação de forças que deverá se unir para combater os jihadistas. Elas incluem o Exército iraquiano, com unidades multiétnicas e multissectárias; as Forças de Mobilização Popular (ou Hashd al-Shaabi), majoritariamente xiitas; milícias regionais sunitas; e os combatentes peshmerga curdos.

Mas isso não é tudo: os Estados Unidos vão participar com sua força aérea, que já lidera uma coalizão internacional contra o "Estado Islâmico", e enviaram militares para auxiliar e treinar tanto as tropas iraquianas como os curdos. Helicópteros Apache foram enviados ao Iraque especificamente para ajudar na retomada de Mossul. A inteligência coletada pelos americanos, o auxílio no planejamento de operações e os ataques aéreos são fundamentais para as tropas iraquianas, que não teriam reconquistado terreno sem essa ajuda.

A Turquia também está envolvida na batalha, pois treinou milícias sunitas estacionadas na cidade de Bashiqa, na região de Mossul.

As rivalidades entre essas forças já dão uma ideia das dificuldades adicionais da batalha para a retomada de Mossul. O governo do Iraque não vê com bons olhos a presença da Turquia no norte do país, onde forças turcas protegem e treinam milícias sunitas.

Já a Turquia alerta contra a participação de combatentes xiitas na batalha, argumentando que isso reforçaria tensões sectárias. "Envolver milícias xiitas na operação não vai levar a paz a Mossul. Ao contrário, vai aumentar os problemas", afirmou o ministro turco do Exterior, Mevlut Cavusoglu. Mossul é uma cidade de maioria sunita.

Por sua vez, as milícias sunitas do norte, como a recrutada pelo ex-governador da província de Ninawa Atheel al-Nujaifi, queixam-se da falta de apoio do governo central iraquiano, dominado por xiitas, por exemplo com o envio de armas.

À parte a questão sectária, outra dificuldade apontada por analistas é que a batalha por Mossul vem sendo preparada há tanto tempo que o "Estado Islâmico" também teve tempo de se preparar, ao menos dois anos. Um contraponto a essa situação é que, além de perder combatentes em ataques aéreos, o grupo também está tendo dificuldades para recrutar pessoal por causa de controles mais rígidos na fronteira da Turquia.

Por fim, analistas afirmam que os militantes do "Estado Islâmico" cercaram Mossul com tanques cheios de petróleo, prontos para serem queimados, e cavaram túneis dentro da cidade, o que permitiria a eles atacar de surpresa as tropas adversárias que se aproximarem. Ataques com armas químicas também não são descartados.

A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que ele recebe no dia a dia.

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