Publicado 16 de novembro de 2024Última atualização 16 de novembro de 2024
Ucraniano disse que chamada do chanceler alemão "abriu caixa de Pandora", enfraquecendo o isolamento do líder russo. Em entrevista, ele afirmou que espera terminar guerra no seu país em 2025, "por meios diplomáticos".
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, criticou duramente a ligação do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por considerar que a chamada abriu uma "caixa de Pandora". Em uma entrevista neste sábado (16/11), ele afirmou guerra em seu país tem que acabar em 2025 "por meios diplomáticos".
"O chanceler Scholz me disse que planejava ligar para Putin. Sua ligação, em minha opinião, abre uma caixa de Pandora. Agora pode haver outras conversas e ligações telefônicas. São meras palavras", disse ele nesta sexta-feira (15/11) em seu tradicional discurso noturno para a população.
"E isso é exatamente o que Putin vem buscando há muito tempo. É essencial para ele enfraquecer seu isolamento, bem como o isolamento da Rússia, e ter meras conversas que não levarão a lugar algum. Ele vem fazendo isso há décadas", enfatizou o presidente ucraniano.
Zelenski argumentou que isso permitiu que a Rússia evitasse qualquer mudança em suas políticas, "o que acabou levando a essa guerra".
"Entendemos todos os desafios atuais e sabemos o que precisa ser feito. E queremos deixar claro: não haverá Minsk-3", disse Zelensky, referindo-se aos dois Acordos de Minsk negociados à época com a Rússia para encerrar o conflito no leste da Ucrânia, que começou em 2014.
O conflito entre rebeldes pró-russos apoiados pelo Kremlin e as forças ucranianas no Donbass foi apenas congelado até se transformar em uma guerra em grande escala em 2022, há quase mil dias.
"Precisamos de uma paz verdadeira", insistiu o presidente ucraniano.
"Paz justa e duradoura"
Na primeira conversa entre os dois líderes em quase dois anos, Scholz pediu a Putin o início de negociações com a Ucrânia no intuito de abrir caminho para uma "paz justa e duradoura" que acabe com o conflito, iniciado em fevereiro de 2022 com a invasão russa do território ucraniano.
No telefonema de uma hora, Scholz também exigiu a retirada das tropas russas da Ucrânia e reafirmou o apoio contínuo de Berlim a Kiev, segundo informou um porta-voz do governo alemão.
O chanceler alemão pediu a Putin que "ponha fim à guerra de agressão contra a Ucrânia e retire as tropas". Putin, no entanto, insistiu que está disposto a negociar a paz, mas em suas condições.
"A proposta da Rússia é bem conhecida. Os possíveis acordos devem levar em conta os interesses de segurança da Federação Russa, partir da realidade local e, o mais importante, erradicar as causas fundamentais do conflito", disse Putin a Scholz.
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Críticas da oposição conservadora
O telefonema também foi criticado pela oposição conservadora alemã. O porta-voz de política externa da bancada conjunta dos partidos CDU e CSU no Bundestag, Jürgen Hardt, afirmou que Putin "veria o fato de Scholz ter telefonado para ele como um sinal de fraqueza e não de força". Ele acusou o chanceler de ter ajudado Putin a obter um "sucesso de propaganda" por motivos políticos internos.
Aparentemente, Scholz "não apresentou uma nova proposta concreta nem mesmo estabeleceu um ultimato, por assim dizer", disse Hardt. Ele afirmou que o "principal objetivo de Scholz foi deixar claro internamente na Alemanha que é a favor das negociações e do diálogo", disse Hardt.
O chanceler alemão se encontra em momento político frágil, após o colapso de sua coalizão governamental nesta semana e a perspectiva de eleições antecipadas no país.
"Guerra tem que acabar em 2025"
Em entrevista transmitida por uma rádio ucraniana neste sábado, Zelenski disse desejar que a guerra em seu país chegue ao fim em 2025 por "meios diplomáticos", mas ressaltou que seu colega russo Vladimir Putin não está buscando a paz.
O líder ucraniano também falou na entrevista sobre a situação "realmente complicada" na frente oriental, onde o Exército russo está avançando rapidamente contra as tropas de Kiev, que são menos numerosas e menos bem armadas.
"De nossa parte, temos que fazer tudo o que pudermos para encerrar essa guerra no próximo ano. Temos que acabar com ela por meios diplomáticos", disse ele à rádio.
Questionado sobre quais condições seriam necessárias para o início das negociações, Zelenski disse que isso só seria possível se "a Ucrânia não estiver sozinha com a Rússia".
"Se falarmos apenas com Putin, apenas com um assassino, e nos encontrarmos nas condições atuais, não reforçados por vários elementos importantes, acho que a Ucrânia começa a perder nessas negociações", disse.
Em sua opinião, isso não levaria a "um fim justo" para a guerra, que foi desencadeada após a invasão russa em fevereiro de 2022.
A Ucrânia teme perder o apoio dos EUA, essencial para suas tropas em dificuldades na linha de frente, após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial.
Na entrevista de rádio, Zelenski disse também que a guerra provavelmente terminará mais rapidamente após Trump assumir o cargo de presidente dos EUA.
Trump criticou repetidamente a ajuda dos EUA a Kiev e afirmou ser capaz de resolver o conflito em 24 horas, sem dizer como.
md (EFE, DPA, AFP)
O mês de novembro em imagens
O mês de novembro em imagens
Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP/dpa/picture alliance
Scholz pede a Putin "paz justa e duradoura" na Ucrânia
Na primeira conversa em quase dois anos, chanceler federal alemão (foto) defendeu negociações para encerrar a guerra, enquanto líder russo insistiu em "novas realidades territoriais" em solo ucraniano. Em entrevista de TV exibida no mesmo dia, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse crer que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos apressará o fim do conflito. (15/11)
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
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Líderes da UE prometeram dar novo impulso à economia do bloco europeu ao término da cúpula que reuniu chefes de governo dos 27 Estados-membros na Hungria. Resultado das eleições nos EUA motivou europeus a avançarem medidas para aumentar competitividade do bloco. Cúpula termina com promessa de reforçar defesa e combater alta nos custos de energia. (08/11)
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Foto: Brian Snyder/REUTERS
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Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
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Foto: Fotoarena/IMAGO
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Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
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Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
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