Zelenski diz no G20 que guerra pode estar perto do fim
15 de novembro de 2022
Em discurso a líderes mundiais, presidente ucraniano afirma que recuo russo em Kherson é oportunidade para pressionar Putin e chegar a um acordo de paz.
Anúncio
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta segunda-feira (14/11) que a guerra pode estar perto do fim.
"Estou convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia pode e deve ser interrompida. Isso salvará milhares de vidas", afirmou ele em discurso transmitido em vídeo a líderes do G20, grupo que reúne as 19 principais economias do mundo e a União Europeia (UE).
Zelenski afirmou que o recuo russo em Kherson é uma oportunidade para pressionar Putin e chegar a um acordo de paz. "Não permitiremos que a Rússia recomponha suas forças e logo comece um novo episódio de terror e desestabilização", disse.
O presidente ucraniano, no entanto, rejeitou veementemente concessões ao lado russo e elaborou uma série de propostas que foram apresentadas aos líderes do G20. Ele enfatizou que um cessar-fogo só seria possível quando as tropas russas deixassem o território ucraniano.
O plano de paz de Zelenski prevê a retirada de todas as tropas russas de seu país e que a Ucrânia mantenha seus territórios. Ele também reivindica a libertação de todos os prisioneiros ucranianos.
A Rússia rebateu o discurso do governante ucraniano, afirmando que a fala confirma que "Kiev não quer negociar a paz com Moscou", conforme o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Anúncio
Pressão aumenta sobre Moscou
Esta terça-feira, primeiro dia da cúpula do G20, foi marcada pelo aumento da pressão da maioria dos países participantes contra a Rússia pela invasão da Ucrânia.
Moscou foi representado na cúpula pelo ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, já que o presidente Vladimir Putin não foi à reunião, presumivelmente para evitar uma imagem de total isolamento neste fórum e por ser alvo de uma enxurrada de críticas.
Os representantes de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Japão foram alguns dos que lançaram os ataques mais contundentes contra Moscou na primeira sessão da cúpula, acusando o regime russo de usar alimentos e energia como arma de guerra ou de atentar contra a estabilidade econômica global, e exortando que o governo Putin a encerrar o conflito.
Eles promoveram uma declaração conjunta que deverá ser aprovada nesta quarta-feira e na qual a maioria dos membros do G20 condena firmemente a invasão russa da Ucrânia e denuncia "consequências devastadoras a nível humano e econômico".
Lavrov, que esteve sentado neste primeiro dia de sessões entre os chanceleres do México, Marcelo Ebrard, e do Brasil, Carlos França, ouviu todas as intervenções sem se levantar de sua cadeira, ao contrário do que aconteceu na reunião de ministros do Exterior do G20 de julho passado, no mesmo cenário do de hoje. O ministro russo também permaneceu em seu lugar durante a fala em vídeo do presidente da Ucrânia.
md/lf (EFE, AFP, ots)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."