Zelenski diz que Bakhmut foi destruída, mas nega captura
21 de maio de 2023
Rússia reivindica vitória na batalha pela cidade do leste ucraniano, mas presidente e militares da Ucrânia dizem que combates continuam. No G7, Biden confirma a Zelenski envio de mais armas.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou neste domingo (21/05) que a cidade de Bakhmut, desde agosto de 2022 palco de uma ferrenha batalha entre tropas russas e ucranianas, foi completamente destruída, mas negou que ela tenha sido tomada pelas forças russas.
"Hoje eles (militares russos) estão em Bakhmut", declarou Zelenski durante a cúpula do G7 em Hiroshima. "Mas Bakhmut não está ocupada pela Rússia hoje."
Neste sábado, o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, havia anunciado a tomada de Bakhmut. Questionado a respeito durante encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, Zelenski foi impreciso na resposta, o que levou alguns sites e jornais a noticiarem que ele havia confirmado a tomada da cidade.
A pergunta foi a seguinte: "Presidente Zelenski, Bakhmut ainda está nas mãos dos ucranianos? Os russos dizem que tomaram Bakhmut".
"Penso que não", respondeu Zelenski, embora não fique claro se ele respondia à primeira ou à segunda parte da pergunta. Mais tarde, o porta-voz do presidente ucraniano foi categórico: "O Presidente desmentiu a captura de Bakhmut".
Na continuação da sua resposta, Zelenski disse ao jornalista que "o que você tem de compreender é que não lá existe nada, todos os edifícios foram destruídos. Por ora, Bakhmut existe apenas nos nossos corações. Não há nada".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou o Exército e o Grupo Wagner após este ter anunciado a "conquista" da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia.
Nas primeiras horas deste domingo, o ministério russo da Defesa também afirmou que o Grupo Wagner, com o apoio de militares russos, assumiu o controle total da cidade.
Ucrânia desmente russos
A tomada de Bakhmut foi negada pelas Forças Armadas da Ucrânia já neste sábado. "Isso não é verdade. Nossas unidades estão lutando em Bakhmut", disse um porta-voz do Grupo de Forças do Leste, à agência de notícias Reuters.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, afirmou que a situação é crítica em Bakhmut. "Há batalhas pesadas em Bakhmut. A situação é crítica. Ao mesmo tempo, nossas tropas estão mantendo a defesa na área de "Litak". A partir de agora, nossos defensores controlam certas instalações industriais e de infraestrutura na área e o setor privado”, escreveu no Telegram no sábado.
No domingo, ela retornou ao Telegram para anunciar o cerco parcial de Bakhmut pelas forças de Kiev. "O avanço das nossas tropas para os flancos nos subúrbios, que ainda está ocorrendo, torna muito difícil a presença do inimigo em Bakhmut", exscefveu.
"As nossas tropas cercaram parcialmente a cidade, o que nos dá a oportunidade de destruir o inimigo. É por isso que o inimigo, na parte da cidade que controla, tem de se defender", acrescentou, segundo a agência ucraniana Ukrinform.
Também neste domingo, o resumo da manhã do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia diz que " a luta pela cidade de Bakhmut não para".
Analistas dizem que Bakhmut tem pouca importância estratégica, mas que a conquista da cidade pelos russos teria um forte valor simbólico e elevaria a moral das tropas russas.
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Biden: mais armamentos
Em Hiroshima, Biden, anunciou o fornecimento de novas armas e munições à Ucrânia durante uma reunião com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, à margem da cúpula do G7.
As novas remessas incluirão munições, artilharia e veículos blindados, disse Biden, que não especificou o valor do novo pacote. Porém, um alto funcionário do governo americano declarou à agência de notícias Efe que está avaliado em 375 milhões de dólares.
A mesma fonte disse que o novo pacote de assistência inclui armas que os Estados Unidos já enviaram à Ucrânia, como artilharia, munições, veículos blindados e mísseis de artilharia de alta mobilidade Himars.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a ajuda militar de Washington a Kiev já chegou a 37,3 bilhões de dólares, anunciou hoje o Departamento de Defesa dos EUA.
O anúncio do novo pacote ocorre dias depois de Biden ter autorizado os aliados de Washington a fornecer caças americanos F-16 à Ucrânia e de declarar apoio no treinamento de pilotos.
as (Lusa, Efe, AFP, Reuters, AP)
Bakhmut: a "fortaleza do Donbass" na linha de frente da guerra
Antes da invasão russa, Bakhmut tinha 70 mil moradores. Intensos combates entre tropas russas e ucranianas causaram mortes e destruição na estratégica cidade do Donbass, mas nem todos os civis a abandonaram.
Foto: LIBKOS/AP Photo/picture alliance
A cidade antes da destruição
Esta foto, tirada na primavera europeia de 2022, mostra murais com o tema "Família e Crianças" em Bakhmut. Em maio, a linha de frente da guerra chegou à cidade, e os tiros e bombardeios aéreos começaram. Muitas casas foram seriamente danificadas.
Foto: JORGE SILVA/REUTERS
"Você se sente um sem-teto"
Blocos de apartamentos no leste de Bakhmut foram os primeiros a serem atingidos por ataques russos. Hoje, os bairros se assemelham aos da cidade portuária destruída de Mariupol. "Você se sente um sem-teto, perdemos tudo. Não há para onde voltar", disse uma moradora chamada, Halyna, retirada de Bakhmut e cuja casa foi totalmente destruída.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Escola em ruínas
Dois professores de Bakhmut se abraçam em frente às ruínas de sua escola. Ela foi bombardeada pelo exército russo em 24 de julho de 2022. O prédio ficou bastante danificado. Não houve mortos ou feridos no ataque.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Patrimônio cultural em pedaços
O bombardeio russo causou a destruição de muitos prédios históricos importantes em Bakhmut, incluindo o Palácio da Cultura, a antiga casa particular do comerciante Polyakov da década de 1880 e o antigo ginásio para meninas. Edifícios mais modernos, que já foram o "cartão de visitas" de Bakhmut, também foram destruídos.
Foto: Dimitar Dilkoff/AFP/Getty Images
Preparativos para a retirada
Oleksandr Hawrys faz os preparativos finais para transferir a esposa e dois filhos de Bakhmut para Kiev. Em 7 de março de 2023, menos de 4 mil pessoas ainda estavam na cidade, que antes da guerra tinha 73 mil habitantes.
Foto: Metin Aktas/AA/picture alliance
Só ficaram os solteiros e os mais fracos
Mais de 90% dos residentes deixaram Bachmut e arredores. Por meses, algumas lojas e uma farmácia ainda funcionaram durante momentos de trégua. Instituições de caridade e voluntários levaram ajuda humanitária aos moradores da cidade.
Foto: ANATOLII STEPANOV/AFP/Getty Images
Eles resistem, apesar de tudo
A grávida Olha e seu marido, Wlad, em 28 de janeiro de 2023 em frente a um abrigo antiaéreo em Bakhmut. O casal está entre os poucos civis que permaneceram na cidade, apesar dos violentos combates. Atualmente, para entrar em Backmut é preciso um passe especial.
Foto: Raphael Lafargue/abaca/picture alliance
Viver sob medo constante
A aposentada Valentyna Bondarenko, de 79 anos, olha pela janela de seu apartamento em Bakhmut, em agosto de 2022. Por causa dos bombardeios sem fim e do perigo constante, muitos moradores de Bakhmut permanecem em porões e abrigos de emergência por meses.
Foto: Daniel Carde/Zumapress/picture alliance
O dia a dia num porão
"Estamos acostumados aos zumbidos e explosões", disse Nina, de Bakhmut, à DW. Suas filhas foram "para a Europa", mas ela e o marido pretendem ficar enquanto o exército ucraniano estiver na cidade. Se a situação piorar, eles querem deixar a cidade "para não perturbar os militares quando o inimigo se esconder atrás das casas".
Foto: Oleksandra Indukhova/DW
Na fila pela ajuda humanitária
A situação humanitária na cidade piorou, principalmente nos últimos meses de 2022, depois da ofensiva das tropas russas de 1º de agosto. A rede elétrica foi danificada pelos ataques e bombardeios. O abastecimento de alimentos se tornou difícil, e a telefonia móvel entrou em colapso. Até voluntários foram atacados.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Batalhas de artilharia pesada
As principais batalhas por Bakhmut são travadas entre unidades de artilharia. Segundo estimativas militares, quase toda a gama de artilharia e morteiros fica nesta área. Bakhmut é fortemente atacada por unidades do exército privado russo Grupo Wagner. Os militares ucranianos continuam resistindo aos ataques.
Foto: Bulent Kilic/AFP/Getty Images
Bandeira ucraniana de Bakhmut no Congresso dos EUA
Em 20 de dezembro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou soldados ucranianos perto de Bakhmut. De lá, ele levou uma bandeira ucraniana, que deu à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, dois dias depois, durante sua visita ao Congresso dos Estados Unidos. A bandeira traz as assinaturas de soldados que defendem a soberania da Ucrânia nas linhas de frente.
Foto: Carolyn Kaster/AP Photo/picture alliance
Tratamento dos feridos em Bakhmut
As principais tarefas dos médicos militares no front são estabilizar os feridos, prevenir mortes por perda de sangue e choque e, em casos graves, garantir o transporte para hospitais de áreas mais seguras no interior do país.
Foto: Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
Cidade está 80% em ruínas
A foto é dos últimos dias de dezembro de 2022. A fumaça sobe sobre as ruínas de casas nos arredores de Bakhmut. De acordo com as autoridades locais, em março de 2023 os violentos combates já haviam destruído mais de 80% da área habitacional da cidade.
Foto: Libkos/AP/picture alliance
Destruição registrada por satélite
Uma imagem de satélite divulgada pela Maxar em 4 de janeiro de 2023 mostra a extensão da destruição em Bakhmut. "A cidade tem sido o centro de intensos combates entre as forças russas e ucranianas nos últimos meses, e as imagens mostram danos significativos em prédios e infraestrutura", informou a empresa aeroespacial.
Foto: Maxar Technologies/picture alliance/AP
Cidade-fantasma
Esta foto de 13 de fevereiro de 2023, tirada por um drone da agência de notícias AP, mostra a extensão da destruição causada pelos combates. Fileiras inteiras de casas foram destruídas, apenas as paredes externas e as fachadas danificadas ainda estão de pé. Telhados, tetos e pisos desmoronaram, e a neve se acumula dentro das ruínas.
Foto: AP Photo/picture alliance
"Fortaleza Bakhmut"
Um soldado ucraniano diante de uma pichação no centro da cidade que diz "Bakhmut ama a Ucrânia". Embora a liderança política e militar da Ucrânia tenha decidido continuar defendendo o lugar, a Otan não descarta que Bakhmut possa cair, embora isso não signifique necessariamente uma virada na guerra.