Zelenski diz que Ucrânia está preparada para contraofensiva
3 de junho de 2023
Presidente ucraniano disse acreditar que país vai ser "bem-sucedido" contra os invasores russos, mas advertiu para o risco de baixas consideráveis se o Ocidente não fornecer mais armas, especialmente de defesa aérea.
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A Ucrânia está "preparada" para iniciar uma contraofensiva contra as tropas russas invasoras disse neste sábado (0/06) o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em uma entrevista ao diário americano Wall Street Journal. O líder ucraniano, no entanto, advertiu para o risco de o país sofrer baixas consideráveis se os países ocidentais não fornecerem mais armas.
Kiev afirma há vários meses que está preparando uma grande ofensiva que tentar recuperar os territórios ocupados desde o início da guerra de agressão lançada pelo Kremlin em fevereiro de 2022.
"Muitos soldados morrerão se Kiev não receber armamento para enfrentar o poder aéreo de Moscou", disse Zelenski. "Todos sabem perfeitamente que qualquer contraofensiva sem superioridade aérea é muito perigosa. Imaginem o sentimento de um soldado que sabe que não tem um teto e não entende por que os países vizinhos têm", disse.
Zelenski também destacou que o único armamento capaz de proteger a Ucrânia é o sistema de defesa antiaérea Patriot, fabricado pelos Estados Unidos, e pediu mais equipamentos.
Ainda assim, Zelenski disse que a Ucrânia está "preparada" para recuperar os territórios ocupados pelos invasores. "Acreditamos firmemente que seremos bem-sucedidos", disse. "Não sei quanto tempo vai demorar. Para ser honesto, pode acontecer de várias maneiras, completamente diferentes. Mas vamos fazer isso e estamos preparados."
As declarações coincidiram com novos bombardeios executados esta semana contra Kiev.
"A realidade é que 50 Patriots evitarão, na maioria das vezes, que as pessoas morram", afirmou.
Zelenski também expressou frustração antes da reunião de cúpula da Otan, a aliança militar da qual a Ucrânia deseja fazer parte, na capital da Lituânia no próximo mês.
"Se não formos reconhecidos e recebermos um sinal em Vilnius, acredito que não faz sentido para a Ucrânia estar nesta reunião de cúpula", disse.
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EUA dizem que já forneceram o suficiente para contraofensiva
O governo dos EUA afirmou na sexta-feira que forneceram à Ucrânia tudo o que o país necessita para uma contraofensiva contra a Rússia, de acordo com o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
"Estamos muito confortáveis por termos respondido à necessidade da Ucrânia de realizar a sua contraofensiva, quando a quiserem iniciar", disse Kirby.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca explicou que os EUA estão confiantes de que fizeram tudo o que foi possível para preparar a Ucrânia para a contraofensiva, não apenas fornecendo sistemas de defesa antiaérea, mas também artilharia, blindagem, munições e treino.
"Trabalhamos muito nos últimos meses para garantir que a sua lista de fornecimentos esteja completa e que tenham o que precisam", acrescentou Kirby, lembrando que as defesas aéreas têm sido uma prioridade, à luz da decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de usar 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) iranianos e mísseis de cruzeiro para atingir alvos civis na Ucrânia.
Questionado sobre o número de baixas russas no conflito, Kirby limitou-se a repetir o mesmo número que deu há um mês, falando em 100 mil russos mortos e feridos nas frentes de guerra na Ucrânia desde dezembro passado. O porta-voz clarificou que essas baixas russas ocorreram sobretudo na região de Bakhmut, no leste da Ucrânia, que desde agosto tem sido palco dos combates mais duros em toda a frente.
jps (AFP, Lusa)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.