Presidente da Ucrânia visita importante cidade no sul do país que havia sido a única capital regional capturada pelos russos em mais de oito meses de guerra. Moscou insiste que Kherson segue parte do território russo.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, visitou nesta segunda-feira (14/11) Kherson, importante cidade no sul do país, recém-recapturada dos russos.
"Estamos avançado", disse Zelenski na praça principal da cidade, diante de moradores com bandeiras da Ucrânia. "Estamos prontos para a paz, paz para todo o nosso país."
"Este é o começo do fim da guerra. Passo a passo, estamos chegando a todos os territórios temporariamente ocupados", afirmou.
Zelenski agradeceu à Otan e a outros aliados pelo apoio na guerra contra a Rússia e afirmou que a entrega de mísseis dos EUA fez uma grande diferença para Kiev.
"Estou muito feliz, você pode dizer pela reação das pessoas, a reação delas não é encenada", disse o presidente.
Minutos antes da chegada de Zelenski, bombardeios próximos foram ouvidos a partir do centro de Kherson, e após o discurso do presidente, mais explosões foram ouvidas.
Moscou anunciou a retirada de suas tropas da cidade de Kherson na quarta-feira passada. O recuo representa um grande revés para a Rússia, já que essa era a única capital regional que os russos haviam capturado desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro.
Embora ainda existam forças russas na região de Kherson, o Exército ucraniano relatou a retomada de várias cidades, incluindo a capital de mesmo nome, a cidade de Kherson, onde moradores têm comemorado a chegada de soldados ucranianos desde sexta-feira.
Também na sexta-feira, Moscou afirmou que a região de Kherson, incluindo a capital com o mesmo nome, continuava a fazer parte da Rússia, apesar da retirada. Nesta segunda, após a visita de Zelenski, o Kremlin insistiu na afirmação.
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Crimes de guerra
O presidente ucraniano disse neste domingo que as forças ucranianas que retomaram a cidade encontraram evidências de mais de 400 crimes de guerra cometidos pelas tropas russas na região.
"Na região de Kherson, o exército russo deixou para trás as mesmas atrocidades que em outras regiões do nosso país", disse Zelenski em discurso noturno. "Os investigadores já documentaram mais de 400 crimes de guerra."
O líder ucraniano acrescentou que "corpos de mortos estão sendo encontrados, tanto civis quanto militares". "Vamos encontrar e levar à justiça todos os assassinos. Sem dúvida."
A Rússia nega que suas tropas tenham tido civis como alvo ou cometido atrocidades em áreas ocupadas. Valas comuns foram encontradas anteriormente em várias partes da Ucrânia ocupadas por tropas russas, incluindo algumas com corpos de civis com sinais de tortura.
Zelenski alerta sobre minas
O presidente alertou moradores de Kherson sobre minas colocadas pela Rùssia. "Peço a vocês que, por favor, não se esqueçam de que a situação na região de Kherson continua muito perigosa."
Após Moscou anunciar a retirada da cidade de Kherson, conselheiro da Presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, havia alertado que as forças russas colocaram minas e pretendem transformar Kherson numa "cidade da morte".
No leste da Ucrânia, o Exército do país afirmou nesta segunda que as batalhas continuam intensas nas regiões de Donetsk e Lugansk, anexadas ilegalmente pela Rússia, assim como Kherson e Zaporíjia. Segundo Kiev, forças russas seguem bombardeando infraestrututra crítica e residências de civis.
lf (Reuters, AFP, AP, Lusa)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."