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Zuma desiste de bloquear relatório anticorrupção

2 de novembro de 2016

Presidente da África do Sul retira recurso para impedir divulgação de documento sobre atividades ilegais que supostamente o comprometeria. Comissão de inquérito deve apresentar resultados em 180 dias.

Jacob Zuma, presidente da África do Sul
Jacob Zuma, presidente da África do SulFoto: Reuters/M. Hutchings

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, desistiu nesta quarta-feira (02/11) de um recurso judicial que impediria a publicação de um relatório sobre a corrupção no governo do país, que supostamente envolveria seu nome.

"Tenho instruções para retirar o recurso", afirmou o advogado de Zuma, Anthea Platt, durante audiência no Tribunal Superior em Pretória. O relatório sobre as supostas irregularidades foi concluído no mês passado, mas o presidente conseguiu impedir sua publicação, inicialmente prevista para o dia 14 de outubro.

O tribunal foi surpreendido pela decisão enquanto se preparava para abordar acusações contra Zuma. Ele teria supostamente sido favorecido através de "influências políticas indevidas" nos negócios da família Gupta, que possui grandes interesses empresariais na África do Sul.

Segundo a acusação, o presidente teria autorizado membros da família Gupta, de origem indiana, a intervir na escolha de membros do Executivo em Pretória. Os irmãos Ajay, Atul e Rajesh Gupta construíram um império nos setores da mineração, transportes, tecnologia e comunicação da África do Sul nos anos 1990. Um dos filhos de Zuma é parceiro do grupo Gupta.

O governo de Zuma já atravessou diversos escândalos políticos, mas após o agravamento da crise econômica no país e o revés eleitoral sofrido por seu partido – o Congresso Nacional Africano (CNA) – nas eleições regionais, as críticas se intensificaram.

Nos últimos meses, diversos setores do CNA, além de antigos ativistas contra o apartheid – o antigo regime segregacionista da África do Sul – e membros da classe empresarial pediram o afastamento do presidente antes do fim do mandado, em 2019.

Nesta quarta-feira, o promotor Thuli Madonsela determinou que uma comissão de inquérito para investigar as acusações contra o presidente seja formada num prazo de 30 dias. A comissão deverá apresentar resultados em 180 dias.

RC/rtr/lusa/ap 

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